27 de fevereiro de 2009
A Inquisição II
26 de fevereiro de 2009
A Inquisição I
A Inquisição não foi criada de uma só vez, nem procedeu do mesmo modo no decorrer dos séculos. Por isto distinguem-se:
1) A Inquisição Medieval, voltada contra as heresias cátara e valdense nos séculos XII/XIII e contra falsos misticismos nos séculos XIV/XV;
2) A Inquisição Espanhola, instituída em 1478 por iniciativa dos reis Fernando e Isabel; visando principalmente aos judeus e muçulmanos, tornou´se poderoso instrumento do absolutismo dos monarcas espanhóis até o século XIX, a ponto de quase não poder ser considerada instituição eclesiástica (não raro a lnquisição Espanhola procedeu independentemente de Roma, resistindo à intervenção da Santa Sé, porque o rei de Espanha a esta se opunha);
3) A Inquisição Romana (também dita “o Santo Ofício”), instituída em 1542 pelo Papa Paulo III, em vista do surto do protestantismo. Apesar das modalidades próprias, a Inquisição medieval e a romana foram movidas por princípios e mentalidade características. Passamos a examinar essa mentalidade e os procedimentos de tal instituição, principalmente como nos são transmitidos por documentos medievais.
Antecedentes da Inquisição
Contra os hereges a Igreja antiga aplicava penas espirituais, principalmente a excomunhão; não pensava em usar a força bruta. Quando, porém, o lmperador romano se tornou cristão, a situação dos hereges mudou. Sendo o Cristianismo religião de Estado, os Césares quiseram continuar a exercer para com este os direitos dos lmperadores romanos (Pontífices maximi) em relação à religião pagã; quando arianos, perseguiam os católicos; quando católicos, perseguiam os hereges. A heresia era tida como um crime civil, e todo atentado contra a religião oficial como atentado contra a sociedade; não se deveria ser mais clemente para com um crime cometido contra a Majestade Divina do que para com os crimes de lesa´majestade humana. As penas aplicadas, do século IV em diante, eram geralmente a proibição de fazer testamento, a confiscação dos bens, o exílio. A pena de morte foi infligida pelo poder civil aos maniqueus e aos donatistas; aliás, já Diocleciano em 300 parece ter decretado a pena de morte pelo fogo para os maniqueus, que eram contrários à matéria e aos bens materiais. Agostinho, de início, rejeitava qualquer pena temporal para os hereges. Vendo, porém, os danos causados pelos donatistas (circumcelliones), propugnava os açoites e o exílio, não a tortura nem a pena de morte. Já que o Estado pune o adultério, argumentava, deve punir também a heresia, pois não é pecado mais leve a alma não conservar fidelidade (fides, fé) a Deus do que a mulher trair o marido (epist. 185, n21, a Bonifácio). Afirmava, porém, que os infiéis não devem ser obrigados a abraçar a fé, mas os hereges devem ser punidos e obrigados ao menos a ouvir a verdade. As sentenças dos Padres da lgreja sobre a pena de morte dos hereges variavam. São João Crisóstomo (†407), bispo de Constantinopla, baseando´se na parábola do joio e do trigo, considerava a execução de um herege como culpa gravíssima; não excluia, porém, medidas repressivas. A execução de Prisciliano, prescrita por Máximo lmperador em Tréviris (385), foi geralmente condenada pelos porta´vozes da lgreja, principalmente por S.Martinho e S. Ambrósio. Das penas infligidas pelo Estado aos hereges não constava a prisão; esta parece ter tido origem nos mosteiros, donde foi transferida para a vida civil. Os reis merovíngios e carolíngios castigavam crimes eclesiásticos com penas civis assim como aplicavam penas eclesiásticas a crimes civis. Chegamos assim ao fim do primeiro milênio. A Inquisição teria origem pouco depois.
As origens da Inquisição
No antigo Direito Romano, o juiz não empreendia a procura dos criminosos; só procedia ao julgamento depois que Ihe fosse apresentada a denúncia. Até a Alta ldade Média, o mesmo se deu na Igreja; a autoridade eclesiástica não procedia contra os delitos se estes não Ihe fossem previamente apresentados. No decorrer dos tempos, porém, esta praxe mostrou´se insuficiente.
Em síntese, pode-se dizer o seguinte:
1) A Igreja, nos seus onze primeiros séculos, não aplicava penas temporais aos hereges, mas recorria às espirituais (excomunhão, interdito, suspensão ...). Somente no século XII passou a submeter os hereges a punições corporais. E por quê?
2) As heresias que surgiram´no século XI (as dos cátaros e valdenses), deixavam de ser problemas de escola ou academia, para ser movimentos sociais anarquistas, que contrariavam a ordem vigente e convulsionavam as massas com incursões e saques. Assim tornavam´se um perigo público.
3) O Cristianismo era patrimônio da sociedade, à semelhança da prática e da família hoje. Aparecia como o vínculo necessário entre os cidadãos ou o grande bem dos povos; por conseguinte, as heresias, especialmente as turbulentas, eram tidas como crimes sociais de excepcional gravidade.
4) Não é, pois, de estranhar que as duas autoridades (a civil e a eclesiástica) tenham finalmente entrado em acordo para aplicar aos hereges as penas reservadas pela legislação da época aos grandes delitos.
5) A lgreja foi levada a isto, deixando sua antiga posição, pela insistência que sobre ela exerceram não somente monarcas hostis, como Henrique II da Inglaterra e Frederico Barba´roxa da Alemanha, mas também reis piedosos e fiéis ao Papa, como Luís VII da França.
6) De resto, a Inquisição foi praticada pela autoridade civil mesmo antes de estar regulamentada por disposições eclesiásticas. Muitas vezes o poder civil se sobrepôs ao eclesiástico na procura de seus adversários políticos.
7) Segundo as categorias da época, a Inquisição era um progresso para melhor em relação ao antigo estado de coisas, em que as populações faziam justiça pelas próprias mãos. E de notar que nenhum dos Santos medievais (nem mesmo S. Francisco de Assis, tido como símbolo da mansidão) levantou a voz contra a Inquisição, embora soubessem protestar contra o que Ihes parecia destoante do ideal na lgreja.
25 de fevereiro de 2009
Adeus mundo ateu
Todas as civilizações nasceram de surtos religiosos originários. Jamais existiu uma “civilização laica”. Longo tempo decorrido da fundação das civilizações, nada impede que alguns valores e símbolos sejam separados abstrativamente das suas origens e se tornem, na prática, forças educativas relativamente independentes.
Digo “relativamente” porque, qualquer que seja o caso, seu prestígio e em última análise seu sentido continuarão devedores da tradição religiosa e não sobrevivem por muito tempo quando ela desaparece da sociedade em torno. Toda “moral laica” não é senão um recorte operado em códigos morais religiosos anteriores.
Esse recorte pode ser eficaz para certos grupos dentro de uma civilização que, no fundo, permaneça religiosa, mas, suprimido esse fundo, o recorte perde todo sentido. A incapacidade da Europa laica de defender-se da ocupação cultural muçulmana é o exemplo mais evidente.
O presente estado de coisas nos países que se desprenderam mais integralmente de suas raízes judaico-cristãs está demonstrando com evidência máxima que a pretensa “civilização leiga” nunca existiu nem pode existir.
Ela durou apenas umas décadas, jamais conseguiu extirpar totalmente a religião da vida pública, malgrado todos os expedientes repressivos que usou contra ela e, no fim das contas, sua breve existência foi apenas uma interface entre duas civilizações religiosas: a Europa cristã moribunda e a nascente Europa islâmica.
A opinião de Humboldt é baseada num erro duplo, ou melhor, numa convergência de erros que dão a impressão de confirmar-se como verdades. De um lado, ele faz uma dedução lógica a partir dos significados gerais dos termos e, vendo que o conceito genérico de moralidade não implica nenhuma referência a Deus, aplica ao mundo dos fatos a conclusão de que uma coisa não depende da outra.
Isso é vício de abstratismo: inferir, de um raciocínio, os fatos, em vez de raciocinar com base nos fatos. De outro lado, porém, ele observa que em torno há indivíduos ateus “de moralidade elevada e substancial”, e acredita que com isto obteve uma comprovação empírica da sua dedução.
O que ele nem percebe é que a moralidade deles só é boa porque sua conduta coincide esquematicamente – e exteriormente -- com aquilo que os princípios da religião exigem, isto é, que a possibilidade mesma de uma boa conduta laica foi criada e sedimentada por uma longa tradição religiosa cujas regras morais, uma vez absorvidas no corpo da sociedade, passaram a funcionar de maneira mais ou menos automatizada.
Em suma, só o homem abstrato – ou o herdeiro mais ou menos inconsciente de tradições religiosas – pode ter uma moral sem Deus. O primeiro é uma ficção lógica, o segundo é uma aparência que encobre a realidade das suas próprias origens.
Tomá-los como realidades, e mais ainda como realidades universais e incondicionadas, é um erro filosófico primário, que mostra escassa capacidade de analisar a experiência.
19 de fevereiro de 2009
Papa presta homenagem a Pio XI em sua oposição ao nazismo
O problema não é a Teoria da Evolução, mas sim o Evolucionismo como Ideologia
9 de fevereiro de 2009
Livre Mercado e Doutrina Social da Igreja
Documentos elegidos por Pontífice
León XIII: Pontífice de transición
Primera encíclica: Quod Apostolici Muneris
Rerum Novarum
Defensa de la propiedad privada
¿Quiere decir que la propiedad privada es importante en tanto se trabaje y genere beneficios para la sociedad?
Distinción entre justicia y caridad
La determinación del salario
¿Se maneja el concepto de salario justo dentro del concepto de la redistribución de la riqueza?
Propiedad privada y el principio de subsidiariedad
Fijación de salarios
Orden corporativo profesional: eje central de la organización económica
Condena al liberalismo
El término individualismo
¿El concepto de individualismo se opone a lo social?
¿Tiene que ver el rechazo al liberalismo con el hecho de que la Iglesia estuvo del lado de los colonizadores?
Discursos sobre la libre iniciativa privada
Interpretación de la co-gestión empresarial
Encíclica de Juan XXIII: Mater et Magistra
Productividad laboral
Propiedad pública
Recomendaciones de política económica
La costumbre del clericalismo
Populorum Progressio
El desarrollo
Teoría de la dependencia
Carta apostólica
Laborem Exercens
Sollicitudo Rei Socialis
Centesimus Annus
Documentos adicionales
Documento sobre libertad cristiana y liberación
Exhortación apostólica postsinodal: Ecclesia in America
3 de fevereiro de 2009
Bispo que negou Holocausto pede desculpas
ROMA, segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009 - Dom Richard Williamson, o bispo tradicionalista que em declarações à televisão negou a verdade histórica da Shoá judaica, pediu perdão a Bento XVI em uma carta.
Na carta, enviada ao cardeal Darío Castrillón Hoyos em 30 de janeiro, o prelado afirma que «em meio a esta tempestade levantada por comentários imprudentes de minha parte na televisão sueca, rogo-lhe que aceite, com o devido respeito, meus sinceros arrependimentos por ter causado ao senhor mesmo e ao Santo Padre tantos sofrimentos e penas inúteis».
«Para mim, o que realmente tem importância é a Verdade Encarnada e os interesses de sua única verdadeira Igreja, através da qual, e somente dela, é possível salvar nossas almas e dar glória eterna, em nosso modesto modo, ao Deus Todo-Poderoso», acrescenta.
Citando uma frase do profeta Jonas (1, 12), afirma: «Tomai-me e lançai-me ao mar e o mar se acalmará em torno de vós, porque eu sei que é por minha causa que esta grande tempestade se levantou contra vós».
O bispo conclui sua carta pedindo ao cardeal que «transmita ao Santo Padre meu sincero agradecimento pessoal pelo documento assinado na quarta-feira passada e divulgado no sábado», com o qual retirou a excomunhão dos quatro bispos.
Segundo explicou a Santa Sé, retirar a excomunhão não significa estabelecer os bispos nas funções de governo da Igreja. A Conferência Episcopal da Suíça declarou que continuam suspensos de suas funções como bispos (suspensão ad divinis).
Papa explica por que revogou excomunhão dos bispos lefebvristas
No segundo, o Papa se referiu à revogação da excomunhão dos quatro bispos, recordando algumas palavras da primeira homilia de seu pontificado, nas quais afirmou que é «explícito» dever do pastor «o chamado à unidade».
Referiu-se a suas próprias palavras comentando a passagem evangélica da pesca milagrosa: «’ainda que havia tantos peixes, a rede não se rompeu’, e prossegui após estas palavras evangélicas: ‘Ai de mim, amado Senhor, esta – a rede – agora está arrebentada, queríamos dizer com dor’. E continuei: ‘Mas não – não devemos estar tristes! Alegremo-nos por vossa promessa que não decepciona e façamos todo o possível para percorrer o caminho rumo à unidade que vós prometestes... Não permitais, Senhor, que vossa rede se rompa e ajudai-nos a ser servidores da unidade’».
O Papa explicou que o motivo deste «ato de misericórdia paterna» foi que «repetidamente estes prelados me manifestaram seu vivo sofrimento pela situação na qual se encontravam».
Contudo, recordou que este ato não supõe ainda a reintegração à comunhão plena e confiou em que, «a este gesto meu siga o solícito empenho de sua parte por levar a cabo ulteriores passos», entre eles «o verdadeiro reconhecimento do magistério e da autoridade do Papa e do Concílio Vaticano II».
Sobre a Shoá
Logo depois, o Papa leu um terceiro comunicado no qual expressou sua firme condenação do Holocausto, e expressou sua solidariedade com o povo hebreu. Nele expressou seu desejo de que «a Shoá seja para todos advertência contra o esquecimento, contra a negação ou o reducionismo».
As declarações de Dom Williamson haviam sido comentadas nestes dias como «inaceitáveis» e «ignominiosas» por vários cardeais da Cúria Romana, assim como pela Conferência Episcopal Suíça.
Precisamente ontem, Dom Bernard Fellay, superior geral da Fraternidade de São Pio X, emitia um comunicado no qual pedia perdão ao Papa por tais declarações.
Pacto de Metz: A Igreja Católica se aliou ao comunismo?
“O ateísmo moderno apresenta muitas vezes uma forma sistemática, a qual, prescindindo de outros motivos, leva o desejo de autonomia do homem a um tal grau que constitui um obstáculo a qualquer dependência com relação a Deus. Os que professam tal ateísmo, pretendem que a liberdade consiste em ser o homem o seu próprio fim, autor único e demiurgo da sua história; e pensam que isso é incompatível com o reconhecimento de um Senhor, autor e fim de todas as coisas; ou que, pelo menos, torna tal afirmação plenamente supérflua. O sentimento de poder que os progressos técnicos hodiernos deram ao homem pode favorecer esta doutrina.
Não se deve passar em silêncio, entre as formas actuais de ateísmo, aquela que espera a libertação do homem sobretudo da sua libertação económica. A esta, dizem, opõe-se por sua natureza a religião, na medida em que, dando ao homem a esperança duma enganosa vida futura, o afasta da construção da cidade terrena. Por isso, os que professam esta doutrina, quando alcançam o poder, atacam violentamente a religião, difundindo o ateísmo também por aqueles meios de pressão de que dispõe o poder público, sobretudo na educação da juventude.” (GS, 20)
“Fiel quer a Deus e quer aos homens, a Igreja não pode deixar de reprovar com firmeza, como reprovou até agora, aquelas doutrinas e
atividades perniciosas que contradizem à razão e à experiência humana universal e privam o homem de sua grandeza inata.” (GS, 21)
Por Pedro Ravazzano, blog Acarajé Conservador.
"um pouco antes do Concílio a Igreja de Roma assinou com as autoridades soviéticas o tristemente célebre Pacto de Metz, que a obrigava a abster-se de toda denúncia contra os regimes comunistas durante as sessões do Concílio. O pacto, que era secreto, foi ocultado da imprensa ocidental e não foi divulgado senão algum tempo depois, pelos jornais soviéticos. Se você leva em conta que até essa época os regimes comunistas já tinham matado quase uma centena de milhões de pessoas, das quais pelo menos uns trinta milhões de cristãos que não tinham cometido outro crime senão o de ser cristãos, você compreende a gravidade quase infinita desse acordo. Hoje em dia condena-se o Papa Pio XII por ter feito certo silêncio em torno da perseguição aos judeus na Alemanha, mas quem queira desculpá-lo pode ao menos alegar, para raciocinar por absurdo, que não eram ovelhas do seu rebanho, que ele não tinha a obrigação de dar o alarme se o lobo atacava apenas as ovelhas do seu vizinho. Mas o que se pode pensar do pastor que entrega ao lobo as ovelhas do seu próprio rebanho? Ante essa cumplicidade abominável, as críticas bem polidas e de ordem puramente teórica que a Igreja continuou a fazer ao marxismo não passam de hipocrisia. E como você haveria de querer que, depois de coisas desse gênero, milhões de fiéis não perdessem a confiança na Igreja e não escolhessem ser, ao menos a título provisório, cristãos sem Igreja? Foi o Vaticano que traiu a confiança deles, é a ele que cabe arrepender-se e lhes pedir perdão, em vez de fazer essas ridículas genuflexões rituais ante o mundo ateu, que se tornaram a moda oficial do dia."
(Em http://www.olavodecarvalho.org/textos/europalivre.htm)